segunda-feira, 29 de junho de 2009

As vezes a fumaça do cigarro tem o mesmo gosto das primeiras tragadas. Um gosto desagradável, confesso. Em agosto, serei fumante há um ano. Não que eu me orgulhe, mas tento lembrar de como tudo começou.
Sou fraca. Sou sucetível a vícios. Em momentos difícieis isso se torna ainda mais evidente. E foi assim que ele entrou na minha vida.
Final das férias de inverno. Chego em casa e dou de cara com a Vaca no sofá do meu apartamento. Meu pai me traiu e trouxe ela pra cá. Ficaram uma semana transando na minha cama. Penduraram meus quadros no lugas errado, tentaram redecorar o apartemnto com flores do campo felizes, as quais tenho alergia, e encheram os cômodos com o cheiro desagradável de Bom Ar versão infância. Uma ironia. A mulher que trás as piores lembranças da minha infância trazendo alusões daquele tempo pro meu lar.
Dias de fortes emoções. De um teatro para fingir que estava tudo bem e continuar recebendo mesada - chantagem muito baixa a dele, né?. Dias de choro no banho. Dias de dilema quanto a traição ao resto da família.
E no fim, toda a encenação foi em vão. Ele cortou meu cartão Zaffari e eu não agentei. Chamei ela de Vaca pro mundo ouvir. Pra ele ouvir. Atirei as flores pela sacada. Sugei o chão que ela tinha esfregado pra me agradar e saí. Saí com o vento de agosto batendo na minha cara. Parei na primeira bodega e pedi - com vergonha, medo e ansiedade - um Carlton vermelho. Pedi fogo pra um casal gay em uma esquina e ascendi o primeiro, tossindo.
Desde então, ele quem me entende e me acalma. Me distraí e me faz companhia nos dias de vento.
Mudei para o Malboro Light. Aprendi a tragar, a sentir o gosto da fumaça e usar ela em benefício do meu espírito e do meu corpo cansado que quer morrer logo.

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